segunda-feira, 25 de abril de 2011

Simples e demasiadamente bom. [Simple and overly good]


Sabe quando quase tudo muda e você ainda não se sente bem? Sei que nem sempre as mudanças são boas amigas, e que ás vezes ela leva consigo o que tanto você queria que ficasse. Mas a mudança também é capaz de te trazer quem chegou um pouco atrasado na sua vida, e fortalecer aqueles que ela te deu de presente, e que graças a Deus não apresenta planos de tomá-los de volta.

Algumas vezes nós temos a capacidade irritante de reclamar de quase tudo que a vida tem. Sempre fui profissional em me irritar com as transformações dela, sempre reclamo da monotonia de alguns dias, mas acho chato e até mesmo triste, o fato dessa monotonia quase amiga, pela incrível força presente, acabar sumindo dando espaço a novas sensações que hoje conseguiram um espaço bem maior do que o programado.

Sensações essas causadas por coisas tão simples, cujo um futuro não tão distante as transformará em uma rotina agradável, única, e incrivelmente alegre. Sorrisos antes estranhos e desconhecidos, hoje são como um bom dia, daqueles bem dados, que te desejam verdadeiramente um bom dia. Agora as vozes mais diferentes e antes descompassadas tornaram-se cantorias deliberadas e ao mesmo tempo constantes.

Claro que há ainda momentos em que o coração te puxa de volta para outros antigos dias, que te davam aquela demasiada alegria, que um dia você imaginou que não mais a sentiria. Mas o coração é um território bem organizado, sabe quem manda quem sempre esteve lá dentro, e quem merece entrar e não mais sair.

Quando o coração é magoado não significa dizer que ele deixou qualquer um entrar e que não deve mais ser tão jeitoso com sentimentos tão absortos, um coração sabe sim escolher a quem amar, ele só não sabe ainda, fazer com que o mesmo amor seja conivente com os outros corações. Apesar de tudo o coração ainda é o mais justo, e o justo necessariamente não é impecável, o justo não julga precipitadamente, aguarda e aceita o que o faz feliz.

Com muito, muito amor: Maria

Especialmente para Thelma e Camila J


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fácil demais [Too easy] {Trop facile}

A vida não é tão difícil assim, sou eu que tenho a mania de complicá-la. Tenho o péssimo hábito de abandonar tudo àquilo que exige atenção, que exige esforço. Transformei o meu ego em um labirinto sem fim, sem cor, sem gente. O medo de estar vulnerável consome cada minuto da minha sanidade. Eu sei que eu proferi o primeiro “adeus”, mas você o retribuiu fácil demais, firme demais. E eu não tive mais, amor, como correr atrás.

Deveria ser um tanto mais difícil, falar sobre você agora, mas a dor tornou-se quase um afago, uma amiga de longa data que ao me visitar, prova que tudo o que eu sinto é prova crua de que um dia aquilo foi verdade. Tudo existiu você estava lá no seu posto inabalável, o seu cheiro pós-banho ainda criava morada nas paredes cinza. Mas eu não os cuidei como deveria, desisti fácil demais.

Não consegui aprender a tomar da vida aquilo que ela me empresta, nunca conseguir tomar de volta o que um dia deveria ser meu, eu acreditava que enquanto eu estivesse lutando para ter, outros já estariam muito perto de conseguir, sou fraca demais para ser trocada. Deve ter sido por isso que você foi sem mais olhar para trás, como se o que tivesse ficado não valesse mais a pena ser ao menos olhado de relance.

Alguns dos seus livros ainda ocupam a minha estante, e eu não me incomodo em tirá-los de lá, tenho de assumir a esperança que eu tenho de que um dia você voltará para buscá-los. Assim como eu, eles ficam lá na estante, com o cheiro familiar e até aconchegante do mofo. Para você foi fácil demais esquecer as historias lidas nos fins de tarde. Foi deu as costas meu bem, e só.

Quando eu corri, você já havia virado a esquina, e eu continuava de mãos vazias e olhos cheios, sem coragem para correr, e de te gritar para voltar. Você nem ao menos quis ouvir as minhas lamurias de perdão. Nem a minha antiga voz, aquela que te cantava ao amanhecer, antes dos pássaros ritmarem a minha letra.

Mas o que mais eu posso fazer meu bem? Se todas as minhas tentativas foram ignoradas por você, se todos os meus esforços de nada valeram? Admita que só procurasses um motivo para me deixar, e agora que você encontrou o que queria não serei eu que revogarei a sua vontade. É o fim, e nada mais.

Posso ser-te uma boa amiga, posso ouvir as suas dores, ou ser a causa dos teus risos, mas por pura vontade de estar perto. Eu jamais voltarei literalmente para os seus braços, não por conta própria, você teria de correr muito para um dia chegar a me acompanhar, cansei de esperar a sua volta parada no meio do caminho.

Então agora eu só sigo em frente acompanhada de algumas lembranças, e sinto dizer que poucas delas ainda incluem você. Mas as que o tem, não são de toda a maioria tristes, há partes intensas, reais, onde os risos ecoavam pelas paredes. Sempre tudo calmo, tudo simples, tudo certo, tudo meu, nosso. Tudo fácil demais.


Para você, apenas você.


Maria.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tive que ir [I had to go] {J'ai dû aller}


 Fugir é uma ação nata da natureza humana, é uma forma de proteção, de guia. Fugimos de tudo o que pode nos tirar do controle, do rumo são. Eu sinto muito ter que ir agora, mas o que você quer que eu faça? Se eu já fui contra todos os meus instintos de proteção própria, se eu já me deixei levar demais, se o meu coração não obedece mais todos os meus comandos. Eu sempre fui tão diferente, tão egoísta. O meu controle era a minha prioridade, e por agora isso se foi.

Eu sempre fui honesta com você, nunca menti, nunca quis enganar o seu coração depois de saber que eu ocupava um lugar dentro dele. Eu nunca te quis mal meu bem. De certo modo eu não fui dura o suficiente para te falar com todas as letras que o fim era o melhor caminho. O fim,quando é feito de imediato sem chances de ser revogado nos impede de sentir outras dores,nos impede de enxergar as verdades que não são necessárias. O fim nem sempre é ruim.

Acredite em mim, eu fiz tudo para te proteger, seu coração é bom demais para sofrer. O sofrimento que você tem agora não chega perto do que você teria se eu fingisse te amar por completo. Eu não posso mentir não posso te deixar ser enganado. Eu amo você demais para isso. Os amores nunca são os mesmos, nem igualmente intensos, então quando eu digo que te amo, não minto.

Mas é claro que eu me deixei levar, não posso mentir e te falar que nada senti que não me doeu ter de ir embora. Contudo, o amor não deve ser apenas um mar de rosas, e se for, rosas têm espinhos e esses machucam sorrateiramente. Enquanto se encanta com a beleza das pétalas os espinhos arrumam uma forma de magoarem o afago que com tanto carinho se dá. O amor pode ser traiçoeiro, é só um de nós desistirmos no meio do caminho, que tudo ficará turvo, e doloroso.

Eu posso te dar um bom tempo para perceber tudo isso, mas não posso suportar o seu desprezo, a sua ignorância, eu não ignorei a sua dor. Aqui dentro da minha alma ainda existe um lugar feito só para você, e eu nunca irei querer te mover daqui. Talvez um dia a gente literalmente se encontre, a nossa história não foi no tempo certo. Foi muito precipitada.

Perdoe-me pela minha displicência em achar que tudo sempre acaba bem, e por achar que o seu coração é facilmente formatado. Mas eu tenho que te pedir para seguir em frente, lembrando sempre de mim. Não te quero longe da minha vida, nem quero estar à parte da sua. Apenas quero tudo no tempo certo.

Sempre por aqui,

Maria.